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Rocinante
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1.
Ibaô, Ibá Orixá Ah Laroyê, gogô libalê Ibaô, Ibá Orixá Ah Laroyê, agô vodum - Ah, Ogum Megê Ogum Megê Ogum Megê Ogum abé quoia quoia Ogum abé quoia quoia Izeu izeu alalá nirê Ogum abé quoia quoia Ê aumbelê Alaurô alaurô
2.
Dizem que na palha do dendê Dizem que na palha do dendê Tá todo movimento Sai todo movimento Girassol pra guiar o vento Está sempre em movimento Andorinha embaraçou no murimbó Andorinha embaraçou no girassol Pede pilão pra pisar o quê Pede pilão pra pisar o quê Pisa milho de pipoca Pisa milho de pipoca Tinha semente de Loko Tinha semente de Loko Tinha palha da costa
3.
Uma macumba, macumbegê! Ouvir um som de viola Um som que soava berimbau Ouvir um som de viola Um som que soava berimbau Berimbau ê, Berimbau! Berimbau ê, Berimbau! Os dedos escorregam pelas cordas De Angola a Regional Arreia esse cesto sinhá De malamá Areia esse cesto sinhá De malaquê Maxixe veio dizer Dinorá já chegou Maxixe veio dizer Dinorá já chegou Percebeu ouviu de lá Trouxe mel na cabaça Percebeu ouviu de lá Trouxe mel na cabaça Faz roda aê Faz roda Faz roda aê Faz roda Mandizé que mandou dizer Mandizé que mandou falar Capoeira deu dendê No violão de cabaça Ê capoeira Ê capoeira aiai
4.
Xiriquipá tutupá! Xiriquipá tutupá! Maria venha ver Zé sambar pra você Maria venha ver Zé sambar pra você Apareceu marujo Apareceu capangueiro Apareceu boiadeiro Apareceu Seu Sultão mandou dizer É hoje É hoje que o couro vai comer E joga o laço Pegue o gado Toma cuidado Que o gado é bravo Garrote novo tá lá no pasto Ê! Salve a marujada! Ê! Salve Seu Capangueiro! Ê! Seu Boiadeiro! Ê! Ciciporã! Ê! Agué Agueno Beno! Ê! Salve seu Juremeiro! Ê! Seu Pedra Preta! Ê! Seu Tubansé! Ê! Segunda vez: Ê! Salve a marujada! Ê! O Rei das Matas! Ê! Salve Seu Capangueiro! Ê! Seu Boiadeiro! Ê! Ciciporã! Ê! Salve o Caboclo Gentileiro! Ê! Seu Pedra Preta! Ê! Seu Laje Grande! Ê! Salve Cabocla Iracema! Ê! Agué Agueno Beno! Ê! Martim Pescador! Ê! Salve Seu Tubansé! Ê! Lê, lê, lê! Ê! La la la la! Ê! Salve o Rei das Águas! Ê! O Rei das Folhas! Ê! O Rei das Matas! Ê! Seu Sete Flechas! Ê! Caboclo Muriti! Ê! Seu Sete Estrelos! Ê! Seu Pena Branca! Ê! Tupinambá! Ê! Salve Caboclo Eru! Ê! Seu Trovezeiro! Ê! Seu Junco Verde! Ê! Lê, lê, lê, lê! Ê!
5.
Lá no meio do terreiro Tem um pé de araçá Toda vez que vou lá Vou tirar Aguidavi Pra tocar no tambor Pêro, Pêro, Pêro Couro no tempero Pêro, Pêro, Pêro Couro no tempero Menino sai de perto Faísca de fogo vai queimar Menino sai de perto Faísca de fogo vai queimar Sai! Sai! Sai pra lá, menino! Tá com zaumbê, zazazazá Tá com zaumbê, zazazazá É dia de festa De cada um Aqui cada um tem seu dia de festa Ô de pé no chão Pisou na folha, levou barravento De pé no chão Pisou na folha, levou barravento Tá com zaumbê, zazazazá Tá com zaumbê, zazazazá Mariô agô, ê mariô Mariô agô, ê mariô Patacori ogum ê!
6.
Ikikirikiriki, ki, ki Ikikirikiriki, ki, ki Hoje é quinta-feira Dia de Oxóssi Agangatolú Omorodé Rum Pi Lé no barracão Aguidavi na mão Chama Amâncio pra acender o candeeiro Xirê, Xirê, Xirê Xirê, Xirê, Xirê Xirê, Xirê, Xirê Xirê, Xirê Xirê, Xirê, Xirê… vai começar Xirê, Xirê, Xirê… Huntó Lewá Xirê, Xirê, Xirê… Xirê, Xirê Milho com côco No prato de aguidar Xixin no azeite Pra eu arriar Acorda na roça Entra na mata com seu ofá Sai com a caça pra todos comer Pra todos comer Odé Logun Edé Chama do Jêje pra tocar Agueré Odé Logun Edé Chama Cardoso pra tocar Agueré Odé Logun Edé Chama Tiago pra tocar Agueré Odé Logun Edé Chama Paulinho pra tocar Agueré Xirê, Xirê, Xirê… Segunda vez: Odé Logun Edé Chama Seu Lucas pra tocar Agueré Odé Logun Edé Chama Kainã pra tocar Agueré Odé Logun Edé Chama Alan pra tocar Agueré Odé Logun Edé Chama Letieres pra tocar Agueré Xirê, Xirê, Xirê… Salve Huntó Amâncio! Salve Agangatolú!
7.
Quembê, quembê, quembê, quembê Quembê, quembê, quembê, quembê Vem das matas virgens vem Vem das matas virgens vem Vem das matas virgens vem Da cera da terra Do mel de capela Raiz de jaqueira Varando a terra Vem das matas virgens vem Vem das matas virgens vem Da cera da terra Do mel de capela Raiz de jaqueira Varando a terra Ô Luanda cadê seu Luandê Ô Luanda vai lá na quitanda Escorrega de banda Ô Luanda cadê seu Luandê Ô Luanda vai lá na quitanda Escorrega de banda A francesa vai A francesa vai A francesa vai Bocapio viu Quem não viu, quer ver Chico Melabenguê

about

LADO A (21:13)

Ibaô-Ogum (7:34)
(Luizinho do Jêje)

Na palha do dendê (5:39)
(Luizinho do Jêje, Magary e Peu Meurray)

Violão de cabaça (8:00)
(Luizinho do Jêje, Nem Cardoso e Magary)
part. Gilberto Gil

LADO B (28:42)

Salve os Caboclos (6:07)
(Luizinho do Jêje e Nem Cardoso)
part. Carlinhos Sete Cordas

Couro no tempero (7:53)
(Luizinho do Jêje e Magary)

Xirê (8:58)
(Luizinho do Jêje, Nem Cardoso e Peu Meurray)

Chico Melabenguê (5:44)
(Luizinho Do Jêje, Magary e Peu Meurray)


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TEXTO NEI LOPES

“Quem come em mesa bonita tem que usar camisa limpa”, diz a sabedoria de nossos ancestrais africanos. Por isso, abro esta breve apresentação primeiro informando que este não é um álbum de músicas rituais, sagradas. Mas que também não é de canções para simples entretenimento. Pois o que esta obra de arte propõe a você, caro leitor, é uma longa viagem atlântica, de ida e volta, do Brasil ao Golfo de Benin e à chamada Costa dos Escravos. Mas sem nenhum rancor ou ressentimento. Muito pelo contrário! Pois nossa viagem é um lauto banquete e acontece em uma das principais fontes da pujante e inesgotável africanidade brasileira.


Como todos sabemos, jêje é o termo que designou, no Brasil escravista, cada um dos africanos ou africanas provenientes do antigo reino de Daomé, no território da atual República do Benin, e hoje adjetiva tudo o que se refere ao legado cultural desse povo. Da mesma forma, o termo nagô foi, na origem, o termo usado pelos daomeanos falantes da língua fon, aqui chamados jêjes, para designar os falantes da língua hoje conhecida como iorubá. Fortes, poderosos, orgulhosos, esses dois povos, — como muitos vizinhos europeus, asiáticos etc. até hoje — alternavam relações ora de paz ora de guerra encarniçada. Mas em solo brasileiro, a partir da Bahia, construíram juntos um admirável complexo cultural, do qual este Aguidavi do Jêje, que orgulhosamente apresentamos, é um exemplo eloquente e oportuno. Se não, vejamos.


Aguidavi é a vareta com que são percutidos os três tambores rituais do candomblé jêje-marrim, chamados rum, rumpi e lé. Todas essas quatro denominações vêm da língua fon, sendo jêjes portanto. Como também o nome da comunidade-terreiro onde se originou o grupo percussivo protagonista do presente lançamento, o Zoogodô Bogum Malê Rundó, cujo significado ainda permanece relativamente secreto até mesmo para os estudos mais avançados. Tentativamente, eles tem sido assim apresentados: Zogbodó como “corte de cabelo identificador dos filhos da divindade Sakpatá”, o Omolu ou Obaluaiê dos nagôs; Bogum, associado a Agbogun, divindade protetora da capital do Daomé; o elemento Malê é mostrado como prova da ligação da comunidade com a principal insurreição dos escravizados na Bahia, ocorrida em 1835; e Rundó pode ser a forma brasileira para a forma verbal hun dò, "abrir o buraco", de sentido incerto.


Quanto ao repertório deste Aguidavi do Jêje, o que temos a dizer é que ele é também uma viagem percussiva e melódica por diversas possibilidades, a qual inclui a sonoridade da viola de cabaça, de feitura artesanal, característica da chula baiana, definida em um registro do músico Roberto Mendes como “comportamento traduzido em canção” (Fundação Cultural Palmares, 2008). Assim, na viagem, o jêje abraça o nagô sem qualquer impedimento, tanto no “Ogum” da segunda faixa do Lado A, quanto no "Xirê" da terceira faixa do Lado B.


Observemos que, na música tradicional africana, como outras do âmbito folclórico, o padrão é o responsorial, ou seja, aquele onde o coro responde à chamada do solista. Isto se observa tanto nos rituais religiosos quanto nos simples folguedos. Assim, aqui nos ocorre uma afirmação do sambista Buci Moreira, neto da legendária Tia Ciata, matriarca da comunidade baiana do Rio de Janeiro, em uma entrevista, aqui citada de memória: “O samba na casa da minha avó era só aqueles corinhos, em que o cantor improvisava”. Entretanto, no presente álbum, as letras de Luizinho do Jêje e parceiros enriquecem o rito, com onomatopeias de magnífico efeito, como xiriquipá tutupá; malamá malaquê; zaumbê, zazazazá; brugudu, brugudu, indo até o velho Daomé e voltando até nós. E até mesmo, como no "Xirê" acima mencionado, invocando um importante orixá do panteão nagô-ijexá que a saudosa Mãe Menininha do Gantuá dizia ser o “santo menino que velho respeita", o odé Logum Edé.


Este é um álbum de festa. No qual o mistério permanece. Mas as diferenças étnicas e linguísticas não têm maior importância. Afinal, Exu e Elegbá, Ogum e Gu, Xangô e Hevioso, orixás e voduns, todos são partes desta poderosa união jeje-nagô criada ao mesmo tempo por Olodumare e Mawu-Lissá. E que o Aguidavi de Luizinho do Jêje e seus músicos prepararam, para nossa degustação e nosso deleite.


Ajeum! Bom apetite! Axé!

Nei Lopes — novembro de 2022

credits

released November 30, 2023

Grupo:

Luizinho do Jêje
Nem Cardoso
Alan Teles
Danilo Jesus
Danilo T’challa
Enzo Xablinha
Gabriel Santana
Ícaro Sá
Jadson Xabla
Jeferson Chagas
Kainã do Jêje
Kaique Mello
Lídio Alves
Lucas Maciel
Negokiri
Paulinho Music
Raysson Lima
Tiago Nunes

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Ficha técnica:


Direção artística: Luizinho do Jêje, Tiago Nunes, Kainã do Jêje e Sylvio Fraga
Arranjos e direção musical: Luizinho do Jêje, Tiago Nunes, Kainã do Jêje e Lucas Maciel
Produção musical: Luizinho do Jêje, Tiago Nunes, Kainã do Jêje e Sylvio Fraga

Gravação: Pepê Monnerat, Edu Costa e Bráulio Passos no Terreiro do Bogum
Gravação de voz, violão e complementos: Pepê Monnerat no Estúdio Rocinante
Gravação de voz Gilberto Gil: Edu Costa
Mistura: Pepê Monnerat, Luizinho do Jêje, Tiago Nunes, Kainã do Jêje e Nem Cardoso
Masterização: Götz-Michael Rieth
Coordenação técnica: Flávio Marcos Batata
Assistência de estúdio: Felipe Duriez, Alexandre Aedel Junior e Arlow

Coordenação técnica (SSA): Curujito
Assistentes técnicos (SSA): Raphael Santos e Marquinhos
Auxiliar (SSA): Giovane Goiaba
Roadies (SSA): Flavio Pereira São Pedro e Luciano Melo Bogum Toby

Coordenação artística: Jhê
Produção executiva: Luanda Morena
Fotografias: Diego Bresani
Fotografias com Gilberto Gil: João Atala
Documentário: Rodrigo Siqueira
Projeto gráfico: Julio Dui — Mono

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